Emerging Trends como Guia

Alinhando a Visão para o Futuro do Imobiliário em Lisboa

O relatório Emerging Trends in Real Estate, publicado anualmente pela Urban Land Institute (ULI) em parceria com a PwC, é uma análise abrangente que examina as tendências emergentes no setor imobiliário, com foco em diversas cidades e regiões da Europa. Esta publicação não apenas agrega informações cruciais sobre o desempenho do mercado imobiliário, mas também fornece insights valiosos sobre investidores, desenvolvedores, gestores de ativos e outros stakeholders do setor.

Os relatórios são construídos a partir de entrevistas com líderes da indústria, investidores de diversos perfis e especialistas, proporcionando uma visão holística e baseada em dados sobre os desafios e oportunidades que moldam o mercado imobiliário. O relatório aborda não apenas as condições económicas atuais, mas também fatores sociais, ambientais e políticos que influenciam as decisões de investimento e desenvolvimento.

A importância do relatório Emerging Trends é inegável, pois serve como uma bússola para os players do setor, ajudando-os a formular estratégias de investimento informadas. Com a crescente complexidade do mercado, onde fatores como sustentabilidade, inovação tecnológica e dinâmica urbana desempenham papéis cada vez mais importantes, a capacidade de antecipar tendências pode determinar o sucesso ou o fracasso nos negócios. Da avaliação de riscos associados aos mercados em mudança até à identificação de setores que oferecem as melhores oportunidades, este relatório é uma ferramenta essencial para orientar decisões estratégicas.

À medida que nos aprofundamos nas análises e perspectivas de 2024 e 2025, é fundamental considerar o contexto apresentado por este relatório como pano de fundo para entender a evolução do mercado imobiliário, especialmente em cidades como Lisboa, que procuram afirmar-se cada vez mais no cenário europeu de investimento.

Análise do Mercado Imobiliário em 2024

O relatório enfatiza várias temáticas importantes que moldarão o futuro do mercado imobiliário europeu:

1. Aumento da Importância do ESG: A sustentabilidade está no centro das atenções, com os investidores a procurarem ativos que não só ofereçam retornos financeiros, mas também contribuam para um futuro sustentável. A descarbonização de edifícios e a implementação de energias renováveis são prioridades cada vez mais visíveis nas estratégias dos investidores.

2. Continuidade da Incerteza Geopolítica: A guerra na Ucrânia e as tensões no Médio Oriente mantêm um clima de incerteza que impacta os mercados imobiliários. Esta situação exige que os investidores façam avaliações cuidadosas sobre o risco e o retorno, levando muitos a concentrarem-se em ativos mais seguros.

3. Desafios na Construção: A escassez de mão de obra qualificada e o aumento dos custos de construção continuam a ser obstáculos significativos. As empresas precisam encontrar maneiras de otimizar processos e integrar novas tecnologias que possam mitigar esses desafios.

4. Procura por Habitação Acessível: Muitas cidades europeias estão a enfrentar uma crescente pressão pela falta de habitação a preços acessíveis. Os investidores são incentivados a considerar projetos que não apenas se concentrem no lucro, mas que também atendam às necessidades habitacionais da sociedade e utilizadores.

5. Diversificação nos Portfólios: Existe uma tendência crescente em direção à diversificação, com investidores a procurarem ativos de nicho, como cuidados de saúde, energia renovável e infraestruturas sociais. Estes segmentos estão a emergir como áreas de resiliência em tempos de incerteza económica.

Perspetivas para 2025

Com base nas tendências identificadas em 2024, as perspetivas para 2025 incluem um foco ainda mais acentuado em ESG, inovação tecnológica e na criação de ambientes urbanos mais inclusivos e sustentáveis. As cidades que se adaptarem rapidamente às exigências de sustentabilidade e se posicionarem como centros de inovação terão uma vantagem competitiva significativa.

As principais cidades que se destacam para investimento em 2025 e que repetirão o top 3 de 2024 são, Londres, Paris e Madrid. Estas cidades são vistas como resilientes, com infraestruturas robustas e uma forte atratividade económica.

O Papel de Lisboa e o seu Potencial para 2025

Lisboa tem registado um notável crescimento nos últimos anos, subindo de posição nas listas de atratividade para investimento imobiliário, encontrando-se em 2024 no 10º lugar. Com um ambiente empresarial favorável, economia sólida e qualidade de vida, a cidade vê o seu potencial altamente valorizado. No entanto, para entrar no top 5 até 2025, é crucial que Lisboa implemente algumas ações estratégicas.

Razões para o Potencial de Lisboa

1. Ambiente de Investimento Favorável: Lisboa tem atraído investidores internacionais, principalmente nas áreas residencial e turística. O governo português tem apoiado iniciativas como o programa “Golden Visa”, que oferece incentivos para investidores estrangeiros.

2. Crescimento da População e Qualidade de Vida: A cidade tem uma população jovem e uma qualidade de vida elevada, tornando-a atrativa para expatriados e profissionais qualificados. Este fator contribui para a crescente procura por habitação acessível e serviços de qualidade.

3. Foco em Sustentabilidade: Lisboa tem manifestado um compromisso com soluções sustentáveis, com projetos que visam aumentar a eficiência energética e a descarbonização do seu parque imobiliário.

Ações para Aumentar a Atratividade de Lisboa

1. Desenvolvimento de Habitação Acessível: Para responder à crescente procura e evitar a gentrificação, Lisboa deve implementar políticas que incentivem a construção de habitação acessível. Isso pode ser feito através da colaboração público-privada e da alocação de terrenos para projetos habitacionais.

2. Reforço da Infraestrutura: Investimentos em transporte público e em redes de mobilidade sustentável são cruciais. Melhorar a acessibilidade à cidade e às suas zonas periféricas pode atrair mais negócios e residentes, contribuindo para um ambiente urbano mais vibrante.

3. Promoção de Inovação e Tecnologia: Lisboa deve posicionar-se como um polo de inovação, incentivando a criação de hubs tecnológicos e startups. Isso não só atrai investimento, mas também cria empregos, o que é vital para a sustentabilidade a longo prazo da economia local.

4. Foco nas Questões ESG: As iniciativas que promovem a sustentabilidade ambiental, inclusão social e boa governança serão fundamentais. Lisboa pode beneficiar ao alinhar-se com as metas de sustentabilidade da União Europeia e ao promover projetos que integrem a comunidade local.

5. Criação de Incentivos Fiscais para Investidores: A cidade pode explorar a possibilidade de criar incentivos fiscais para projetos que cumpram com critérios de sustentabilidade e habitação acessível, permitindo assim atrair mais investimento.

Visão sobre o Mercado Imobiliário

A minha visão sobre o mercado imobiliário europeu, com base nas tendências e desafios destacados nos relatórios e na minha conceção e ideia para o setor, é de que estamos a viver um período de transformação significativa. A pandemia e os conflitos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia, não só revelaram as fragilidades do sistema atual, mas também criaram um espaço para que novas abordagens e modelos de investimento emergissem.

Sustentabilidade como imperativo
Uma das principais conclusões é a crescente importância da sustentabilidade. O relatório de 2024 destaca que o investimento em ativos sustentáveis e socialmente responsáveis não é apenas uma tendência; é uma necessidade imperativa. O enfoque nas questões ESG reflete uma mudança de paradigma no setor, onde a rentabilidade deve coexistir com a responsabilidade social e ambiental.

Adaptação e Resiliência
A resiliência do mercado imobiliário será posta à prova à medida que os investidores navegarem pelas incertezas económicas futuras. As cidades que conseguirem adaptar-se rapidamente a novas exigências — como a necessidade de habitação acessível e espaços de trabalho flexíveis — estarão melhor posicionadas para prosperar. O relatório ressalta que aqueles que investem em diversificação, olhando para ativos de nicho como cuidados de saúde e energias renováveis, colherão os frutos da futura recuperação do mercado.

Inovação e Tecnologia
A tecnologia desempenhará um papel fundamental na transformação do setor. A digitalização dos processos e a incorporação de soluções tecnológicas vão desde a propriedade gerida digitalmente até à automação de processos de construção. Estes elementos não apenas aumentam a eficiência, mas também melhoram a experiência do cliente e promovem a transparência no setor.

Papel das Cidades e Colaboração
As cidades desempenham um papel crucial na evolução do mercado imobiliário. A capacidade de uma cidade em cooperar com os diferentes stakeholders — comunidades locais, investidores e organismos governamentais — será determinante para o sucesso de projetos. As cidades que adotarem uma abordagem colaborativa, focando nas necessidades dos cidadãos e na criação de ambientes urbanos inclusivos, estarão em destaque, conforme mencionado no relatório.

Desafios a Superar
Apesar do potencial, não podemos ignorar os desafios que permanecem. A escassez de mão de obra qualificada, o aumento dos custos de construção e as barreiras burocráticas continuam a ser entraves para muitos investidores. A capacidade das autoridades e das empresas em inovar nas soluções para esses problemas será um fator crítico para a prosperidade do setor.

Conclusão

Lisboa possui um grande potencial para se posicionar entre as cidades mais atrativas para investimento imobiliário na Europa até 2025. Para alcançar o top 5, deve abraçar a sustentabilidade, a inovação e a inclusão como pilares fundamentais do seu desenvolvimento urbano. Através de uma combinação de políticas eficazes, investimentos em infraestrutura e foco em necessidades sociais, Lisboa pode não apenas atrair investidores, mas também garantir um futuro mais sustentável e equitativo para os seus cidadãos.

Neste contexto, a visão que aqui partilho converge com as tendências evidenciadas no relatório, que nos recorda que a transformação do mercado imobiliário não é apenas uma questão de retorno sobre o investimento, mas também uma oportunidade para moldar um futuro mais resiliente e sustentável nas cidades europeias.

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